Encontro dia 26 de outubro. música e cena

 No encontro de hoje exploramos as relações entre som e movimento.

Inicialmente, começamos falando sobre algumas características do som

1- Antes de abrir os olhos para acordar, já ouvimos tudo em nossa volta. Ao dormir fechamos os olhos, mas os ouvidos continuam atentos.

2- Quando vamos a um concerto ouvimos os sons de um performer. Quando vamos ao espetáculo de mímica, tapamos nossos ouvidos? Não, nosso sensório é total, é multissensorial. Vemos e ouvimos ao mesmo tempo. Mas vemos 180 graus, não vemos o que está atrás de nós. COm o som a sensação é imersiva, 360 graus. 

3- sons são invisíveis, são intérpretes do não visível, como estados emocionais, sensações, expectativas, ideias, abstrações.

4- sons são interpretáveis por imagens. Demonstro no violão como modifico o timbre, a cor do som: tomando mais perto da boca do violão, sons mais cheios, densos; tocando mais perto do cavalete, sons mais metálicos, brilhantes. 


Primeiro exercício

Toco um material musical sem explicá-lo. Cada um intepreta o som por meio de movimentos. Depois conversamos sobre as opções, o que cada um utilizou do que ouvir para construir suas ações físicas. Uns falaram do ritmo, outros da melodia, Uns falaram de imagens, de cenas, repetições, água. 

Segundo exercício

Agora todo o mesmo materiais, explicando o que fiz, minhas escolhas sonoras: optei por sons consonantes em D maior, sons em altura média e médio-aguda. Comento sobre essas sonoridades produzidas. A partir desses comentários cada um produz ações físicas. A ideia é contrastar o que foi feito num primeiro momento com encaixe intuitivo e o que agora se faz quando se esclarece mais as relações entre som e movimento.

Terceiro exercício

Falo que vou produzir um som oposto do que foi nos dois exercícios anteriores. Esse som oposto é produzido nas cordas mais graves, é mais dissonante e mais irregular ritmicamente. Após as ações físicas, há o comentário sobre o que foi produzido.


Quarto exercício

Utilizo um som escalar, uma escada inicialmente descendente por semitons e depois ascendentes em semitons. Começamos a falar sobre isso antes das ações físicas. Como cada um vai responder a esse movimento gradativo de descer e subir. Depois, cada exercício individual é comentado. Uns pensam em imagens de um lodo, de serem puxados para baixo, de serem afogados. Outros indicam mais tensões. Na hora dos comentários, fazemos notar as diferenças entre os materiais sonoros consonantes e mateiriais dissonantes.  Escalas estão em tudo, para medir tempo, para medir intensidades e para medir alturas. Tempo, intensidade e frequência parâmetros da música. Mostro que faço com o som o que eles fazem com o corpo. Lembro que chamamos de o corpo do violão a parte do instrumento que mais se apega ao corpo do instrumentista. 

Na conversa, foi indicado que o som escalar, sendo muito frequente, tornou o exercício mais provocador. Pois havia um elemento como ponto de partida muito utilizado em músicas e filmes. 

Quinto exercício

Ainda explorando a questão de som e familiaridade, houve a provocação de produzir movimentos a partir de um material sonoro bem conhecido. O escolhido foi a canção "Se essa rua fosse minha". O desafio era produzir ações físicas a partir de um material comum, altamente consumido e interpretado, que possui um longa história de associação com a infância.  Ao se dessincronizar o movimento à expectativa, abre-se um espaço para o exercício da criatividade com os sons. Lembramos depois, no comentário, que há uma dissociação entre o surrealismo da letra da canção e sua melodia lamentosa. 

Sexto exercício

Em duplas, exercícios de espelhamento, de oposições , um faz o contrário do outro. No som, um material que alterna momentos mais consonantes com materiais mais dissonantes.

Sétimo Exercício

Ainda em duplas. A anti-valsa para anti-duplas. No som, material que explora dissonâncias e irreguralidades ritmicas a partir de estilema de valsa. 

Oitavo Exercício

A turma se divide em dois grandes grupos que vão estabelecer entre si relações de sedução e agressão, dentro de um baile.  No som, material que explora dissonâncias e iffregularidades rítmicas e escalares a partir de estilema de samba.


Uma das dificuldades apontadas é o conjunto de possibilidades de ações físicas quando em interação nas duplas. Conversamos sobre as tensões entre pensar e fazer, em como a mente nos sabota. 

Para os exercícios de hoje, levei um violão, formando um som mais íntimo, conhecido, ao mesmo tempo que produzia sonoridades não usuais. 

Foi uma tarde bem prazeirosa.

Abs a todos.



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